Quem leu o "Livreiro de Cabul", de Âsne Seierstad, precisa conhecer "Eu Sou o Livreiro de Cabul", ajuste de contas escrito pelo próprio Livreiro, Shah Muhammad Rais. O primeiro best-seller mundial, narra o dia-a-dia de uma família afegã num país submetido à guerra e à violência dos costumes. "Eu Sou o Livreiro de Cabul" é o tão esperado depoimento do protagonista que a jornalista norueguesa descreve de forma polêmica em seu livro-êxito. Rais se mostra insultado, traído, e lamenta uma interpretação que se equivoca na essência, culpando-o com gravidade, quando, segundo ele, cada ato seu é ditado pela realidade que o circunda e à qual não pode escapar. Adotando a narrativa como um diálogo permanente com figuras mitológicas da Noruega, os trolls (entidades mágicas onde a verdade é buscada para que a justiça se restabeleça), de alguma forma Shah Muhammad Rais chega à ironia máxima: o que foi denuncia deve ser denunciado; a acusadora virou acusada.
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